Pesquisa mostra redução de peso com atividades de intensidades moderada e alta
Um estudo publicado na revista científica JAMA Network Open analisou 116 ensaios clínicos randomizados, envolvendo 6,9 mil adultos com sobrepeso ou obesidade, para determinar qual é a quantidade mínima de atividade física necessária para impactar o peso de forma significativa.
Os pesquisadores concluíram que a prática de, ao menos, 150 minutos semanais de exercícios aeróbicos de intensidade moderada a alta, como caminhada, ciclismo, corrida e natação, está associada a reduções clinicamente relevantes na circunferência da cintura e na composição corporal.
O epidemiologista do Imperial College London, Ahmad Jayedi, primeiro autor do estudo, explicou ao jornal britânico The Guardian que a perda considerada clinicamente importante para pessoas com sobrepeso ou obesidade foi de, pelo menos, 5% do peso corporal em um período de três meses.
Ele reconhece que a meta pode parecer desafiadora para quem leva uma vida sedentária, mas afirma que a melhor estratégia é escolher uma atividade que possa ser inserida à rotina com facilidade.
Da mesma forma pensa o profissional de Educação Física especializado em Fisiologia do Exercício, Eduardo Netto, que disse à imprensa que, além de ser incluída com facilidade no dia a dia, é importante encontrar uma atividade que proporcione prazer, deixando uma sensação de “dever cumprido” ao terminá-la.
Netto alerta, ainda, que a busca por resultados imediatos pode levar a escolhas prejudiciais à saúde, reforçando que a perda de peso deve acontecer gradualmente. Para potencializar os resultados, ele recomenda a combinação de atividades aeróbicas com exercícios de força, como musculação e treinos com o peso corporal. Além disso, reforça a importância da orientação profissional.
É preciso levar em consideração que o emagrecimento ocorre quando o organismo entra em déficit calórico, ou seja, quando o gasto energético supera a ingestão calórica. Isso pode ser alcançado tanto pela prática de atividades físicas, quanto pela adoção de uma alimentação equilibrada.
A ingestão de fibras também pode contribuir nesse processo ao prolongar a sensação de saciedade, como tomar psyllium, por exemplo. Segundo o Conselho Federal de Farmácia (CFF), essa fibra solúvel aumenta o peristaltismo e auxilia na regulação do trânsito intestinal, o que reduz o apetite entre as refeições.
Para obter bom desempenho durante atividades físicas, principalmente quem pratica o exercício com metas e de forma disciplinada, a médica endocrinologista Marise Lazaretti pontua a importância de manter o aparato muscular em ordem, com o consumo adequado de nutrientes.
Ela explica, em entrevista divulgada pela União dos Funcionários do Estado do Rio de Janeiro (Uferj), que a deficiência da vitamina D, por exemplo, afeta a saúde musculoesquelética, não só na resistência óssea, mas também na força muscular, fazendo com que os ossos e músculos fiquem mais frágeis.
A importância desse nutriente também é apontada por estudo realizado por pesquisadores da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e da University College London, que mostra que a vitamina D reduz em 78% o risco de fraqueza muscular, condição conhecida como dinapenia. Por outro lado, a sua deficiência pode comprometer a diminuição de força, massa e função muscular, assim como favorecer a perda de densidade mineral óssea.
A principal forma de absorção dessa vitamina é a exposição ao sol, conforme o Ministério da Saúde. Além disso, peixes de água fria, como salmão e sardinha, leite integral, gema de ovo e fígado bovino são alguns dos alimentos ricos em vitamina D.
Atividade física promove a longevidade
Além de contribuir para o emagrecimento, a prática regular de exercícios está associada à maior expectativa de vida. Um estudo publicado no JAMA Internal Medicine e divulgado pelo Ministério da Saúde, baseado na análise de mais de 403 mil pessoas, demonstrou que não apenas a regularidade, mas também a intensidade dos exercícios influencia a longevidade.
A pesquisa revelou que indivíduos que combinam atividades de intensidade vigorosa dentro da recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) — de 150 a 300 minutos por semana — apresentaram uma redução de até 17% na mortalidade geral, incluindo doenças cardiovasculares e câncer.
Segundo o professor da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM-Unifesp), Leandro Rezende, que coordenou o estudo, a análise confirma a importância de ambas as intensidade de exercício, mas incluir atividades vigorosas, como futebol e corrida, na rotina potencializa a redução da mortalidade.