Quando surgem dores persistentes na coluna, é comum ouvir diagnósticos como hérnia de disco ou espondilodiscopatia degenerativa.
Apesar de muitas vezes apresentarem sintomas semelhantes, essas duas condições têm origens e tratamentos distintos. Entender as diferenças entre elas é essencial para buscar o cuidado adequado e evitar complicações.
O que é a espondilodiscopatia degenerativa?
A espondilodiscopatia degenerativa é uma condição crônica que afeta os discos intervertebrais e as vértebras da coluna.
Trata-se de um processo de desgaste natural que ocorre com o envelhecimento, mas que pode ser acelerado por fatores como má postura, sedentarismo, sobrepeso, tabagismo e predisposição genética.
Com o tempo, os discos da coluna perdem parte de sua hidratação e elasticidade, tornando-se mais finos e menos eficientes na absorção de impactos.
Esse processo leva ao enrijecimento das articulações, ao surgimento de osteófitos (bicos de papagaio) e à diminuição do espaço entre as vértebras.
A degeneração pode causar dor, limitação de movimentos e sensação de rigidez, especialmente após períodos de inatividade.
A espondilodiscopatia geralmente afeta pessoas a partir dos 40 anos, sendo mais comum na região lombar, embora também possa atingir a coluna cervical.
E a hérnia de disco?
Já a hérnia de disco ocorre quando o núcleo pulposo – parte interna e gelatinosa do disco intervertebral – extravasa através de uma fissura no anel fibroso, sua camada externa.
Esse deslocamento pode comprimir raízes nervosas próximas, provocando dor intensa, formigamento, fraqueza muscular e, em casos mais graves, perda de reflexos ou mobilidade.
A hérnia de disco costuma ser mais aguda e surgir após movimentos bruscos, esforços excessivos ou traumatismos.
Ainda que possa estar associada ao desgaste natural da coluna, como o presente na espondilodiscopatia, sua manifestação tende a ser repentina e mais incapacitante.
As regiões mais afetadas são a lombar (hérnia lombar) e a cervical (hérnia cervical), áreas que suportam grande parte do peso e mobilidade do corpo.
Principais diferenças entre as duas condições
Embora ambas estejam ligadas à degeneração da coluna e possam causar dor, existem diferenças marcantes:
Característica | Espondilodiscopatia Degenerativa | Hérnia de Disco |
---|---|---|
Causa principal | Desgaste progressivo dos discos e vértebras | Extravasamento do núcleo do disco |
Evolução | Gradual, ao longo dos anos | Súbita, após esforço ou lesão |
Idade comum | A partir dos 40 anos | Pode ocorrer a partir dos 20-30 anos |
Sintomas típicos | Dor crônica, rigidez, limitação de movimentos | Dor aguda, irradiação, formigamento |
Regiões mais afetadas | Lombar e cervical | Lombar e cervical |
Possibilidade de compressão nervosa | Menor | Alta |
Tratamento | Fisioterapia, fortalecimento, controle postural | Pode incluir cirurgia, dependendo do caso |
Diagnóstico e exames
Para distinguir entre as duas condições, o médico ortopedista ou neurocirurgião solicita exames de imagem, como a ressonância magnética e a tomografia computadorizada.
Esses exames permitem visualizar o estado dos discos, a presença de hérnias, o grau de desgaste e possíveis compressões nas raízes nervosas.
O histórico do paciente, os sintomas relatados e a avaliação clínica também são fundamentais para chegar a um diagnóstico preciso.
Tratamento para espondilodiscopatia
Na maioria dos casos, o tratamento da espondilodiscopatia é conservador. O objetivo é aliviar a dor, preservar a mobilidade da coluna e evitar a progressão da degeneração. As principais abordagens incluem:
- Reeducação postural;
- Exercícios de fortalecimento muscular;
- Alongamentos regulares;
- Acupuntura e fisioterapia;
- Controle do peso corporal;
- Medicamentos analgésicos e anti-inflamatórios em fases agudas.
Em casos raros, quando a degeneração provoca instabilidade importante ou compressões nervosas, pode ser indicada cirurgia para estabilizar a coluna.
Tratamento para hérnia de disco
O tratamento da hérnia de disco varia conforme a gravidade. Casos leves ou moderados geralmente respondem bem ao tratamento conservador, que inclui:
- Repouso relativo nos primeiros dias;
- Uso de medicamentos para dor e inflamação;
- Fisioterapia com foco em alívio da pressão sobre o disco;
- Exercícios específicos de fortalecimento do core (musculatura do tronco);
- Infiltrações com corticoides, se necessário.
Se os sintomas persistirem por mais de 6 semanas ou houver sinais de comprometimento neurológico grave, como perda de força ou dificuldade para caminhar, a cirurgia pode ser recomendada.
Os procedimentos variam de acordo com o tipo e a localização da hérnia, sendo a discectomia um dos mais utilizados.
Prevenção e cuidados no dia a dia
Tanto a hérnia de disco quanto a espondilodiscopatia podem ser prevenidas ou ter sua progressão retardada com hábitos saudáveis. Algumas orientações fundamentais incluem:
- Manter a postura correta durante o trabalho, principalmente para quem passa muitas horas sentado;
- Praticar atividades físicas regularmente, priorizando o fortalecimento da musculatura da coluna;
- Evitar o sobrepeso, que sobrecarrega os discos intervertebrais;
- Não fumar, pois o tabagismo acelera o processo de degeneração dos discos;
- Fazer pausas e alongamentos ao longo do dia;
- Levantar objetos pesados com cuidado, utilizando a força das pernas e mantendo a coluna ereta.
Quando procurar ajuda médica
Dores nas costas que persistem por mais de duas semanas, pioram com o tempo ou vêm acompanhadas de formigamento, fraqueza ou perda de controle da bexiga e intestino são sinais de alerta.
Procurar avaliação médica nesses casos é essencial para evitar complicações e iniciar o tratamento adequado o quanto antes.
Conclusão: Espondilodiscopatia degenerativa ou hérnia de disco
Embora muitas vezes confundidas, espondilodiscopatia degenerativa e hérnia de disco têm origens diferentes, exigem tratamentos distintos e impactam a vida do paciente de formas variadas.
O diagnóstico precoce e o acompanhamento profissional são fundamentais para manter a qualidade de vida e reduzir os riscos de intervenções mais invasivas.
Cuidar da saúde da coluna é um investimento contínuo em bem-estar e autonomia. Com informação e atenção aos sinais do corpo, é possível viver com mais conforto e liberdade de movimento.
Imagem: canva.com